quarta-feira, 26 de março de 2008

A Porca da Discórdia

É inegável que uma empresa, para se manter em funcionamento, precisa de uma certa dose de organização e método, mas quando os papelinhos e as burocracias se sobrepõem à produtividade, nesse momento foi ultrapassada a barreira do razoável.
Como a malta do escritório andava a chegar recorrentemente atrasada, e mais grave ainda, não andava a entregar os relatórios e os relatóriozinhos a tempo e horas, o escritório ganhou um bibelot novo, nada mais nada menos que um mealheiro cor-de-rosa em forma de porca! Mediante a gravidade do atraso serão depositadas moedinhas, de maior ou menor valor, para penalizar o mau funcionário em causa, perante esta ideia genial, que só poderia sair da cabeça da Chefe-Simplex, única coisa que me ocorre é:

“- O QUÊÊÊÊÊ?!?!?!?! Uma PORCA para pormos moedinhas, que nem umas crianças da escola! O que é que se segue ajoelhar no milho? Uma cartinha para os papás? Uns tabefes à boa moda de Salazar? Olha, minha anormal e se enfiasses isso num sítio que eu cá sei, hã?”

Não auguro grande futuro para a porquita (estou a falar do mealheiro, não da chefe), principalmente porque, surpresa das surpresas, as chefias, por mais atrasadas que cheguem, não têm que depositar a dita moedinha, ora lá se vai o efeito pedagógico pelo cano abaixo, e o valor da dita coima varia conforme o dia e a hora em causa!
Já estou a imaginar um funcionário enraivecido a mandar a porca à testa do chefe, ou a porquinha a ganhar asas e a voar por uma janela.
O dito bibelotzinho já originou uma troca de palavras azeda entre mim e a Chefe-Simplex:

Chefe-Simplex: “Bitchy, não entregaste o teu mapa de produtividade a tempo e horas, ou seja, pelas minhas contas tens que depositar 2,19€ na porca.”

Eu: “Oh pá, estava demasiado ocupada a trabalhar e a dar lucro à empresa, e como não tenho assistente pessoal não tive tempo de fazer o mapa… Mas compreendo o teu ponto de vista, foi de facto uma falha gravíssima da minha parte, vou já depositar as moedinhas… Bolas! Não tenho trocos! Dei as últimas moedas ao arrumador, mas fazemos assim, dizes-me qual o NIB da porca, que eu faço uma transferência, ou então passo-lhe um cheque em branco, porque me dá a sensação que vou prevaricar bastante!”

Enfim, há ideias ridículas e depois há estas que nem consigo classificar!

6 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Eu esperaria que a porquinha engordasse, depois acho que a convidaria para ir para os copos. Ela pagava!

Bitchy Lady disse...

Refeiro:
Boa ideia! Ou então ela morre num trágico acidente, a malta herda e tenta superar a perda com uma noite de copos :) Bem vindo a este estaminé.

Anónimo disse...

E já perguntaram às chefias acerca do destino das penalizações?

Anónimo disse...

Proponho a seguinte analogia:
As chefias serão deuses;
As chefias controlam os seus empregados;
Os deuses criam seres à sua imagem e semelhança;
Eu pergunto: no caminho entre a criação e a tal fúria controladora, será que o nascimento ou milagroso aparecimento da porca foi devido a alguma inspiração da tal chefe-simplex que se olhou ao espelho de manhã?
Eu acho que era de dar uma marreta na porca... Assim, à hora da "siesta" da sua criadora, a tal Chefe-Simplex. No fim de tudo, pode ser que as confundas e, pronto, alguém vai de baixa, deixando os outros trabalhar.
Gostei imenso do post, Bitchy! Tens aqui um blog de leitura obrigatória!

Bitchy Lady disse...

Mariana:
Acho que as moedinhas são para as chefias tirarem o tabaco da máquina.

Viriato:
O que mais há são porcas, só que algumas têm quatro pernas e outras duas, mas no final deveriam ser ambas tranformadas em presunto.

Anónimo disse...

Ora, mai nada! Mas, pensei numa coisa: se agasalhássemos a porca - a de loiça e quatro patas - e com o dinheiro comprássemos umas sandes de leitão da Bairrada e uns finos?