quinta-feira, 27 de março de 2008

O Que Tu Queres Sei Eu!

Uma bela manhã enquanto caminhava, com um dos Lambe-Botas do escritório, em direcção ao tasco mais próximo, para tomar o pequeno-almoço, depois de uma reunião lixada, e eis que esta a criatura decide jogar comigo o joguinho do “Ai-amiga-podes-abrir-te-comigo-que-eu-sou-um-túmlo-a-sério-não-conto-nada”, e “como o que tu queres sei eu”, decidi alinhar na brincadeira, mas à minha maneira:

Lambe-Botas: Oh Pá! O nosso querido Chefinho estava a massacar-te de uma maneira hoje!!! Bolas, até a mim me meteu impressão!

Bitchy-Lady: Ai estava? Nem reparei, se queres que te diga.

LB: Fónix, o gajo não te largava, parecia que te queria arrancar a cabeça à dentada, como é possível que não tenhas reparado? Bem… Mas tu parecias bastante calma, lá isso parecias.

BL: Tenho uma grande capacidade de abstracção, a partir de um certo momento activo o meu “screen saver mental” e só oiço aquilo que eu quero. A pessoa em causa bem pode dizer que a terra é quadrada, ou que o Sol é que gira em torno da mesma, que não me faz qualquer diferença.

LB: Como é que consegues ser assim? Olha eu, no teu lugar, já me tinha passado!

BL: Eu simplesmente ignoro a pessoa, quando a conversa não é mentalmente desafiante.

LB: Mentalmente desafiante?!

BL: Assim como as nossas chefias, estás a ver, que não são mentalmente desafiantes, são mentalmente desafiadas.

LB: Aaaah!

Pensamento interior: “ Conta-lhes tudo, mas tudinho mesmo, pode ser que, deste modo, deixem de ser idiotas.”

Aprendam que eu não duro sempre. Tenham muito cuidadinho com estas criaturas, nada de andar abrir a bocarra à doida, e depois não digam que eu não avisei, a não ser que queiram, como neste caso, que a mensagem seja passada.

P.S. O Senhor da foto dá pelo nome de Jano, deus da mitologia romana conhecido, entre outras coisas, por ter duas caras, simplesmente, achei adequado.

quarta-feira, 26 de março de 2008

A Porca da Discórdia

É inegável que uma empresa, para se manter em funcionamento, precisa de uma certa dose de organização e método, mas quando os papelinhos e as burocracias se sobrepõem à produtividade, nesse momento foi ultrapassada a barreira do razoável.
Como a malta do escritório andava a chegar recorrentemente atrasada, e mais grave ainda, não andava a entregar os relatórios e os relatóriozinhos a tempo e horas, o escritório ganhou um bibelot novo, nada mais nada menos que um mealheiro cor-de-rosa em forma de porca! Mediante a gravidade do atraso serão depositadas moedinhas, de maior ou menor valor, para penalizar o mau funcionário em causa, perante esta ideia genial, que só poderia sair da cabeça da Chefe-Simplex, única coisa que me ocorre é:

“- O QUÊÊÊÊÊ?!?!?!?! Uma PORCA para pormos moedinhas, que nem umas crianças da escola! O que é que se segue ajoelhar no milho? Uma cartinha para os papás? Uns tabefes à boa moda de Salazar? Olha, minha anormal e se enfiasses isso num sítio que eu cá sei, hã?”

Não auguro grande futuro para a porquita (estou a falar do mealheiro, não da chefe), principalmente porque, surpresa das surpresas, as chefias, por mais atrasadas que cheguem, não têm que depositar a dita moedinha, ora lá se vai o efeito pedagógico pelo cano abaixo, e o valor da dita coima varia conforme o dia e a hora em causa!
Já estou a imaginar um funcionário enraivecido a mandar a porca à testa do chefe, ou a porquinha a ganhar asas e a voar por uma janela.
O dito bibelotzinho já originou uma troca de palavras azeda entre mim e a Chefe-Simplex:

Chefe-Simplex: “Bitchy, não entregaste o teu mapa de produtividade a tempo e horas, ou seja, pelas minhas contas tens que depositar 2,19€ na porca.”

Eu: “Oh pá, estava demasiado ocupada a trabalhar e a dar lucro à empresa, e como não tenho assistente pessoal não tive tempo de fazer o mapa… Mas compreendo o teu ponto de vista, foi de facto uma falha gravíssima da minha parte, vou já depositar as moedinhas… Bolas! Não tenho trocos! Dei as últimas moedas ao arrumador, mas fazemos assim, dizes-me qual o NIB da porca, que eu faço uma transferência, ou então passo-lhe um cheque em branco, porque me dá a sensação que vou prevaricar bastante!”

Enfim, há ideias ridículas e depois há estas que nem consigo classificar!

Porque há dias assim...

Porque há dias assim…
Porque há dias em que levantar da cama e ir trabalhar custa..
Porque há dias em que apesar de tentarmos levar as coisas na desportiva há sempre aquele detalhezinho que nos faz saltar a tampa…
Porque há dias em que nos apetece mandar tudo para o c…
Porque há dias em que o hardware não ajuda…
Porque há dias em que ninguém ajuda…
Porque há dias em que o Chefe complica…
Porque há dias em que os coleguinhas só chateiam…
Porque há dias em que temos pensamentos homicidas…

Por isso calma, poisem a caçadeira no chão e vejam o vídeo acima numa perspectiva terapêutica, inspirem-se!

terça-feira, 25 de março de 2008

Love is in the air!



Numa altura em que as relações interpessoais são cada vez mais complexas, já para não dizer difíceis, é natural que os locais de trabalho se assumam como incubadoras de possíveis romances que podem resultar em muito ou podem resultar em quase nada. Até aí tudo bem, pois bem vistas as coisas, passamos mais tempo no local de trabalho do que propriamente noutros círculos sociais. Nada mais natural, que surjam afinidades na convivência diária, entre duas pessoas, que nos levem a encontrar aquele/a parceiro/a ideial.
Não tenho nada contra o facto de duas pessoas desimpedidas começarem uma relação no local de trabalho, para aquilo que queiram e bem entendam, seja uma relação a longo prazo ou um one night stand. Desde que sejam felizes e não criem mau ambiente no local de trabalho, cada um sabe de si. Agora aquelas pessoas, que fora do local de trabalho, tem uma vida sentimental e a publicita e mesmo assim parece que andam numa competição a ver se papam mais gente, a mim mete-me alguma impressão.
Chamem-me antiquada, mas sou da opinião que quem está mal muda-se e não devemos fazer aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fizessem a nós, deve ser tramado uma pessoa confiar em alguém, e ao fim e ao cabo andamos mais enfeitados que uma rena pois, aquela reunião até mais tarde, afinal era algo mais do que trabalho….

Nesta competição do “Quem Fode Quem?” destacam-se várias personagens:

- O Eterno-Garanhão, que normalmente é aquele gajo de trinta e muitos anos, com óculos e uma bela barriguinha de cerveja, mas que na realidade paralela, onde vive, é um tipo bonito como raio e irresistível para qualquer elemento do sexo feminino. O mais estranho é que estes tipos conseguem mesmo “facturar”, seja por algum desespero das gajas ou por terem uma grande capacidade de dizer aquilo que o mulherio quer ouvir, em determinado momento. Como qualquer D. Juan, que se preze, são voláteis e não gostam de parar muito tempo no mesmo poiso e assim que sentem o cheiro de carne fresca, tal como um predador, partem para outra caçada, deixando as totós que caíram na esparrela de coração partido, a chorar pelos cantos e a chagar o juízo das outras colegas até à exaustão. Convém salientar que estes machos latinos são normalmente casados e pais de filhos… Mas como toda a gente sabe monogamia = monotonia!

- As Sonsas-do-Costume, meninas betinhas, muito pudicas e castas, apesar de terem perdido a sua “juventude” aos treze, atrás do pavilhão gimnodesportivo, com aquele colega da equipa de râguebi. Segundo elas, ainda acreditam no “amor-eterno “, no “príncipe encantado” e procuram alguém para uma relação “séria”, a logo prazo. Mas tal comportamento e ideologia é só durante o dia, porque à noite tiram o fatinho de Dominatrix do armário e bora lá papar tudo o que é gajo, comprometido ou não, pois afinal de contas a vida são dois dias e enquanto o homem certo não aparece, podemos sempre dar umas voltinhas com os errados.

- Os Punheteiros, ao contrário dos Eternos-Garanhões, são aqueles gajos que N.U.N.C.A. facturam, o que faz com que toda a testosterona que têm acumulada os faça desesperar e tentar a sua sorte com tudo o que é gaja, dos oito aos oitenta. Normalmente, estes rapazes procuram demonstrar às suas colegas o quão sensíveis são e quão bons companheiros poderiam ser. Por norma, contentam-se com o restolho dos Eternos-Garanhões pois, as cachopas vêm tão traumatizadas que chegam à conclusão que andar com um pau-mandado nem é assim tão mau!

- As Cotas-Taradas que apesar de terem mais de quarenta anos e celulite aos montes, ainda se sentem mulheres o suficiente para usar leggings, bijuterias das filhas adolescentes e tentarem roubar os namorados às mesmas! Adoram um rabinho rijinho, principalmente se a embalagem vier com um rapazinho jovem, seja ele o homem da água ou os trolhas do prédio em frente. As conversas são também muito variadas oscilando os temas entre gajos, homens e machos.

- Os Sonho-de-Qualquer-Mãezinha são aqueles moçoilos charmosos, lindos, inteligentes, ricos, com bons princípios e com… Uma namorada tão maravilhosa quanto como eles! E vocês perguntam-se onde estavam quando estes pitéus estavam solteiros? Provavelmente com o estropício com que estão hoje!

- As Trepadeiras -Sociais as quais, por norma, têm uma grande sede de poder, e procuram agradar ao chefe seja de que maneira for , o que nem sempre é uma tarefa tão complicada quanto isso, pois apesar de não terem grandes atributos mentais, a natureza brindou-as com formas generosas e elas não se importam de expor as suas “cartas” em cima da secretária do chefe. Há formas melhores, na minha opinião, de fazer uma carreira porque normalmente as chefias alinham na brincadeira, mas numa onda de usar e deitar fora, e quem se lixa normalmente são as mulheres, pois eles são vistos como garanhões e elas são vistas como putas ou seja como aquilo que na verdade são. Contudo existem aquelas, que são o modelo para toda uma classe, uma vez que conseguiram singrar profissionalmente, necessitando apenas de realizar alguns “favorezinhos”.

Estas personagens interagem entre si, dando um colorido especial às pausas para café ou aos corporate dinners ( tema a desenvolver noutro post) onde os Eternos-Garanhões tentam a sua sorte com as Sonsas-do-Costume, e estas finguem que a atenção não lhes agrada. Os Punheteiros tentam consolar alguma Sonsita abandonada, e quem sabe, talvez a sorte lhes sorria. As Trepadeiras-Sociais elogiam o bom gosto do chefe em roupa, deixando a resalva que se ele precisar de alguma ajudinha, fora das horas de expediente, para aquele “projecto especial”, já sabe que pode contar com elas. As Cotas-Taradas elogiam, em surdina, o rabiosque do senhor que veio abastecer a máquina de café e Vocês suspiram pelo Sonho-de-Qualquer-Mãezinha e pensam que apenas gostariam de tomar um cafezinho e fumar um cigarrito, sem ter que levar com a vida sentimental do escritório em cima.

quarta-feira, 19 de março de 2008

O Lambe-Botas!


Ao contrário do que muitos possam pensar, o acessório para qualquer chefia que se preze não é um PDA topo de gama nem um computador todo XPTO, mas sim um bom e velho lambe-botas ou um chegamisso, como outros preferem chamar a estas criaturas míticas e adoradas, pelas chefias deste nosso Portugal. Bom, estou a ser um pouco mazinha, pois no fundo, mas bem lá no fundo estas criaturas têm uma aplicabilidade bastante prática senão vejamos:

- Estão sempre dispostas a rir quando o chefe ri ou a chorar quando o chefe chora, funcionando como um agradável eco.

- Qualquer pretexto é bom para elogiar a soberba capacidade mental do chefe, e todos sabemos que isso é altamente importante, pois uma chefia motivada trabalha mais e melhor.


- São óptimos a despachar recados importantíssimos, como ir buscar cafezinhos ou a roupinha lavada do chefe, contribuindo, deste modo, de forma inegável para a produtividade da empresa.

- São capazes suplantar qualquer espião, assumindo, desde o primeiro dia, a função de olhos e ouvidos das chefias, o que alivia, em muito, a carga horária de trabalho das mesmas, até porque o chefe como pessoa ocupada que é não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo.

- Têm, na minha opinião, uma grande capacidade de sacrifício dando sempre o corpo (leia-se o rabiosque) ao manifesto, desde que isso faça o chefe feliz e os ajude a subir na hierarquia.

Por tudo o que aqui foi dito, acho que cada escritório que se preze deveria ter pelo menos um lambe-botas profissional, o meu local de trabalho foi presenteado com uma ferramenta destas, na semana passada, e nunca vi a chefe sorrir tanto!
Pessoalmente, acho estas criaturas desprezíveis, pois apesar de, na maior parte dos casos, vestirem peles de cordeiro e usarem falinhas mansas, são falsas e dissimuladas, estando ao nível de uma qualquer erva-daninha, não se importando de queimar tudo à sua volta, desde que isso lhes permita subir, e a meu ver as ervas daninhas são pragas e como tal as pragas devem ser erradicadas.